
Com o advento e difusão das técnicas de reprodução assistida e, conseqüentemente, do aumento da incidência de gestações múltiplas, a preocupação com as comorbidades maternas nesse tipo de gravidez tem sido cada vez mais motivo de preocupação. Assim, a ocorrências da doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) e das outras síndromes semelhantes tem sido motivo de alerta durante o acompanhamento pré-natal nas gestações múltiplas.
A pressão arterial alta é uma doença silenciosa por em geral não dar sintomas e representa uma das principais complicações durante a gestação. Quando comparadas às gestações únicas, as gestações múltiplas apresentam risco duas vezes maior de apresentarem essa complicação.
Considera-se uma gestante com pressão alta quando apresenta duas medidas da pressão arterial em repouso, com valores acima de 14 por 9.
É importante ressaltar que fatores como idade materna, raça, paridade, número de fetos e a existência prévia de hipertensão são também fatores de risco para síndromes hipertensivas e quando associados à gestação múltipla devem ser redobrada a atenção.
A maioria dos estudos até o momento mostra que, quando se trata de gestações múltiplas, mulheres que se submetem a reprodução assistida apresentam risco até duas vezes maior de desenvolverem DHEG. Além disso, a chance de ocorrência de formas graves de DHEG é até cinco vezes maior nesses casos.
Durante o seguimento do pré-natal de gestações múltiplas além da medida da pressão arterial em todas as consultas, em especial durante a segunda metade da gestação, contamos com a ajuda de alguns exames laboratoriais e de ultra-som na tentativa de identificar aquelas mulheres que terão maior chance de desenvolver as síndromes hipertensivas.
Infelizmente não há como fazer a prevenção desses casos, além de manter uma dieta saudável. Uma vez diagnosticado os cuidados devem ser intensificados. A maioria das pacientes conseguem controlar a pressão apenas com dieta com restrição de sódio. Aquelas que não conseguem são obrigadas a utilizar medicamentos que ajudem nesse controle. Apenas uma pequena parte dessas pacientes precisará ser internada para vigilância tanto materna quanto fetal até o parto.
Após o parto, com a saída da placenta, essas pacientes apresentam o retorno ao normal de sua pressão. Esse período pode variar de horas até dias e por isso deve ser ter cuidado mesmo após o parto.
As gestações múltiplas por si só já são gestações de alto risco e devem ser seguidas com intensa vigilância, quando associam-se outras intercorrências como as síndromes hipertensivas e cuidado deve ser ainda maior.